Edinho, Filho de Pelé, No Regime Semiaberto! Confira Como Ele Foi Parar Na Cadeia Pela Quinta Vez
Edson Nascimento é filho de Pelé, a maior estrela do futebol brasileiro. Para muitos jovens, nascer sob os holofotes e com uma boa condição financeira, pode não ser uma boa combinação. Mas não foi o caso dele...
Edinho sofreu por falta de carinho, por falta de apoio e por não ter vivido uma vida "normal". Por conta de amizades inapropriadas, drogas e más decisões, ele acabou trilhando um mau caminho.
No semiaberto
Em junho deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) autorizou o ex-goleiro Edson Cholbi Nascimento, o Edinho, a ser transferido para o regime semiaberto. Com isso, o filho de Pelé poderá trabalhar durante o dia e, à noite, deve retornar à prisão. Edinho está na Penitenciária II de Tremembé, no Vale do Paraíba, onde cumpre a pena de 12 anos, dez meses e 15 dias em regime fechado por lavagem de dinheiro e associação ao tráfico.
O que disse a juíza sobre o caso Edinho
A juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da 9ª Região Administrativa Judiciária, em São José dos Campos, foi quem deferiu o pedido do advogado Eugênio Malavasi para que Edinho passasse para o regime semiaberto. A juíza considerou que o ex-goleiro obedeceu os requisitos objetivo e subjetivo para a concessão do benefício. Ele cumpriu um sexto da pena e sua conduta dentro da prisão foi considerada boa pela administração penitenciária. Mas, ainda não se sabe quando, exatamente, o ex-goleiro será transferido do regime fechado para o semiaberto.
Advogado comemora
O advogado de Edinho, Eugênio Malavasi, comemorou a nova vitória em relação ao caso: "Foi uma excepcional conquista. Quando peguei o caso, a pena era de 33 anos e quatro meses. Nós reduzimos a pena para 12 anos e 10 meses. Também por conta dessa redução, ele teve direito a progressão de regime semiaberto. Ele cumpriu um pouco de prisão provisória e, isso computou para o requisito. Foi muito bom".
Suas origens
Edson Cholbi Nascimento nasceu em Santos, São Paulo, dia 27 de agosto de 1970. Desde então, ele nunca foi só um menino, mas o filho da maior estrela do futebol brasileiro e um dos gigantes da história do futebol mundial.
Sua mãe e seu pai
Sua mãe Rosemeri dos Reis Cholbi foi a primeira esposa do Rei. O menino, um dos seis filhos reconhecidos pelo jogador, nasceu um pouco mais de um mês depois que Pelé conquistou sua terceira Copa do Mundo, no estádio Azteca, na Cidade do México. Naquela final, o Brasil derrotou os locais por 4 a 1.
Os problemas gerados por seus pais
A relação entre Rosemeri Cholbi e Pelé foi conturbada, já que em 1993 um teste de DNA demonstrou um comportamento infiel do jogador. Ele havia tido uma filha com Anizia Machado, que trabalhava de emprega doméstica na casa onde moravam. Já adulto, Edinho declarou: "Quando nos mudamos para Nova Iorque, meus pais se separaram". Era o começo de um distanciamento entre pai e filho.
Foi criado pela mãe
Com a dura separação de seus pais, ele sentiu o primeiro abalo de tantos outros que estavam por vir. Ele comentou em entrevista à IstoÉ: "Fui criado por uma mãe solteira. Isso foi fundamental, extremamente positivo. Temo o que eu seria se tivesse sido criado no Brasil. Mas a separação dos meus pais não foi boa para mim. Senti muito a falta do meu pai. Somente adulto percebi que meu pai nunca foi meu, da minha mãe ou da minha família. Ele é do mundo. A gente o tomou emprestado por um tempo, mas ele teve de voltar para o mundo".
Edinho e Pelé: uma relação distante
Edinho não tinha contato com seu pai e quase não o via. O fato de ser um jogador de futebol não justificava sua ausência na vida do filho, mas foi o que aconteceu: "A gente se via só em alguns aniversários ou em alguma ocasião especial, uma ou duas vezes por ano". E parece que o pai fez muita falta em sua vida mesmo. Segundo relata, para ele foi muito decepcionante crescer sem a figura paterna. "Criei um personagem negativo, não amava meu pai. Ele fazia minha mãe chorar e, por isso, era o vilão, o homem mau". Sua inserção social também foi difícil.
Os esportes que praticou
Edinho passou pelo basquete, beisebol e futebol. Depois, quando foi para o norte e mudou de escola, aproveitou o clima para praticar hockey no gelo. Porém, aos 19 anos, o futebol tomou conta de sua vida, assim como aconteceu com seu pai. Entrou para o clube Vila Belmiro como um goleiro muito recomendado. Os jornalistas na época enfatizaram que o fato de ser filho de Pelé facilitou sua entrada, sobretudo porque sua estatura não era considerada adequada para um goleiro. Assim foi ser filho de uma estrela: a influência às vezes era positiva, outras, negativa.
Um anônimo
Ele circulava por Manhattan e ia ao Harlem, um dos maiores centros de residências afro-americanas, e nunca dizia a eles de quem era filho. Depois de grande, fez do sul do Bronx, que é um dos 62 condados do estado americano de Nova Iorque, sua casa. "Era Nova Iorque em 1980, um lugar complicado. Estabeleci minhas relações lá e me orgulho disso. Passei a ser respeitado nas ruas", comentou.
Seus problemas legais
Aos 29 anos, a carreira na qual tinha apostado e na qual seu pai havia triunfado, começou a descarrilar. Edinho abandonou o futebol em 1999 depois de ter jogado uma temporada no Ponte Preta, de Campinas. Antes de se afastar do futebol, o filho do astro tivera problemas por ter participado de um racha em Santos, em outubro de 1992, que causou a morte de uma pessoa inocente.
A corrida da morte
Nessa corrida clandestina também estava um amigo seu, Marcilio José Marinho de Melo. Eles competiam dirigindo seus carros em alta velocidade naquele outubro de 1992. O carro que Melo dirigia atropelou um pedestre que passava pelo local, Pedro Simões Neto, de 52 anos, que morreu no ato. Era o início de uma série de problemas com a Justiça.
Ele não assumiu a responsabilidade
Diante do Tribunal de São Paulo, os dois motoristas foram igualmente responsáveis pelo falecimento de Neto, ainda que Edinho não estivesse conduzindo o carro que impactou a vítima. Por isso é que a pena foi para ambos. Edinho se defendeu na época: "Muitas pessoas que estiveram envolvidas criaram uma situação que não existia, fui o alvo por ser filho do meu pai".
A sentença
A justiça brasileira condenou tanto Edinho como seu amigo Marcilio a cumprir seis anos de prisão por homicídio. O juiz baseou sua decisão no fato de que ambos estavam cientes de que um racha pelas ruas de Santos poderia causar a morte de alguém. Para o tribunal, era indiferente que o automóvel envolvido na morte de Neto fosse de Marcílio e não de Edinho.
A pena que recaiu sobre seus ombros
A pena sancionada foi para um regime semiaberto: permitia que saíssem durante o dia para trabalhar, mas exigia que permanecessem no presídio durante as noites. Antes de entrar na prisão, Edinho declarou: "Eu não estava preparado para isso porque não fiz nada de mau. Mas a justiça no Brasil é muito frágil e fácil de manipular".
Viver à sombra do pai
Edinho sentiu a pressão por ser filho de Pelé pela primeira vez quando chegou ao Brasil. Teve que aprender a viver à sombra do ídolo do país. "Até esse momento, nunca havido tido que lidar com quem eu era e, de repente, tive que saber como resolvê-lo", explicou. De um dia para o outro, ele virou "o filho de Pelé", algo de que havia escapado em sua infância devido à ausência do pai e ao fato de não morar no Brasil. "Assim que cheguei ao Brasil me dei conta da pressão que teria que enfrentar e, então, foquei em mim".
Seu início no futebol
Edinho, diferentemente de seu pai, jogava na posição de goleiro. Em 1990, assinou com o Santos, onde jogaria só uma temporada, para logo depois ir para a Portuguesa. Suas habilidades como goleiro não eram muito notáveis e, por isso, foi pulando de clube em clube. Alguns dos clubes pelos quais passou foram o São Caetano e o Ponte Preta. Sua maior conquista no futebol foi o segundo lugar do Campeonato Brasileiro, na Série A, de 1995, durante sua segunda temporada no Santos.
Pelé pai X Pelé filho
A pressão, por parte de todo um país, com a qual Edinho teve que lidar foi pesada demais para ele. Ele reclama que sempre desconfiaram de seu potencial como jogador: "As pessoas sempre disseram que eu só estava no Santos por ser filho do Pelé e me diziam que nunca iria brilhar como jogador". Isso, entretanto, serviu de motivação em sua vida em certos momentos.
Os advogados apelaram
Em 2004, cinco anos depois do início da pena por racha e faltando um ano para terminar de cumpri-la, a justiça brasileira voltou atrás e anulou a sentença de Edinho. A manobra foi conseguida pelo seu advogado, Antonio Oliveira, que disse não haver provas legais para condenar os dois supostos autores do crime.
Sentença anulada
O argumento do advogado foi que: "Nenhuma testemunha confirmou que meu cliente participava de uma corrida de carros pelas ruas da cidade e, portanto, foi contraditória a prova do processo". O tribunal de São Paulo submeteu o pedido à votação e, por maioria, a sentença foi anulada e Edinho, absolvido. Uma vitória em sua vida.
Detido por tráfico de drogas
Depois de passar pelo primeiro inconveniente frente à lei, Edinho logo se envolveu em mais problemas. Em 2005 foi preso em São Paulo por envolvimento com tráfico de drogas e sequestros. Junto a ele, um grupo de 20 pessoas suspeitas por essas manobras também foram detidas.
Um bandido de verdade?
Sobre Edinho incidia uma investigação por ter vínculos diretos com essa quadrilha e, por isso, esteve sob observação. Havia criminosos tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro que tinham conexões com ele. Também se atribuía a ele a participação no sequestro da mãe do jogador Robinho, em 2004.
O sequestro
A mãe de Robinho, Marina Souza, foi sequestrada em 2004 e permaneceu 41 dias em cativeiro. Desde então, policiais civis de Santos e do Denarc passaram a investigar a participação da quadrilha de traficantes presa dias antes com o sequestro da mãe do jogador. Além do filho de Pelé, Edinho, foi preso também Naldinho, amigo de Robinho. Marina Souza foi liberada diante do pagamento de um resgate de 200 mil dólares.
Reconheceu seu vício em maconha
Depois de ser preso em 2005, Edinho reconheceu ser viciado em maconha, mas negou qualquer tipo de relacionamento com a quadrilha. Seu pai não escondeu seu desgosto, contando, entre lágrimas, que ficou surpreso quando recebeu a notícia de que seu filho tinha sido preso por conta de drogas
A carta da dor
Numa carta que escreveu enquanto estava preso, Edinho declarou: "Não tinha disposição ou controle sobre meus pensamentos, era tudo pela busca de satisfação na droga. Nem meus familiares foram capazes de fazer com que eu abandonasse meu vício". E continuou: "Percebo quão errado e daninho é o caminho das drogas e, humildemente, reconheço minha situação de dependente e peço ajuda aos que me amam. Eu não sou bandido, só preciso de tratamento".
A reação de Pelé frente ao vício do filho
Pelé sofreu na própria pele o drama do filho. Em entrevista coletiva, na sede do Denarc, em São Paulo, ele desabafou: "Como pai estou muito triste, mas estou aqui para ajudar em tudo que for necessário. Infelizmente trabalhei demais e não percebi que isto estava acontecendo dentro de casa. Ele e sua filha estavam sempre comigo no Santos. Eu dificilmente poderia perceber que algo assim estava ocorrendo". O tricampeão visitou seu filho muitas vezes na prisão de segurança máxima em que estava detido, em São Paulo.
A esperança de que fosse liberado
O jogador que ostenta mais de mil gols em sua carreira profissional (calcula-se que foram 1282 gols, 760 em jogos oficiais e 522 em amistosos) sempre velou pela inocência de seu filho. No momento de sua prisão, Pelé declarou: "Não houve nenhuma prova, não o flagraram em nada ilícito. Meu filho está preso, e eu acredito na justiça. Em breve provaremos sua inocência, e ele sairá sem nenhum problema".
Ameaçado dentro da prisão
O ex-goleiro do Santos foi preso em 6 de junho de 2005 pelo Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos). Depois da insistência do craque, seu herdeiro foi transferido para a prisão de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo. A mudança de presídio se deu porque Edinho tinha recebido supostas ameaças de morte por algumas quadrilhas de narcotraficantes paulistas. Anos depois, foi liberado por um argumento técnico: "Não poder exercer seu legítimo direito à defesa".
Condenado por lavagem de dinheiro
Em mais uma das tantas idas e vindas, Edinho voltou a ser preso em 2014. Foi condenado a 33 anos de prisão por lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Esse foi o quarto delito atribuído ao filho de Pelé.
Continuou em liberdade, apesar de seu prontuário
Edinho foi considerado culpado por lavagem de dinheiro procedente do narcotráfico. Esse crime estava vinculado à mesma quadrilha com a qual havia sido relacionado em 2005, data de sua anterior condenação, por tráfico de drogas. Apesar dessa nova suspeita, seus advogados apresentaram um recurso para que ele pudesse continuar em liberdade.
O retorno ao futebol como treinador
Depois de enfrentar vários processos judiciais, ter que combater variados processos e estar preso por muitos anos, Edinho tentou retomar sua carreira, mas desta vez no banco de suplentes, como técnico. Em abril de 2015 foi nomeado como treinador do Mogi Mirim, time da segunda divisão. Ele estreou como treinador no dia 8 de maio de 2015. O jogo que marcou sua estreia foi contra o Criciúma, no interior paulista, e terminou com vitória por 2x1 para os catarinenses.
Uma lenda do futebol brasileiro o contratou
O presidente do clube era ninguém menos que o ex-jogador Rivaldo. O grande atacante, que jogou no Barcelona e na Seleção Brasileira, foi o dirigente que confiou em Edinho.
As razões de Rivaldo para contratá-lo
Ele declarou: "Edinho foi auxiliar de vários treinadores de elite que passaram pelo Santos, como Vanderlei Luxemburgo e Muricy Ramalho, e acho que tem todas as condições de ter um bom desempenho no Mogi". O vínculo entre uma das últimas estrelas do Brasil e o filho do ídolo máximo do futebol foi um estouro na mídia nacional.
Demissão fugaz
Depois de quatro partidas no comando do Mogi, Edinho foi despedido por Rivaldo. Os dois empates e duas derrotas foram motivo suficiente para rescindir o contrato. Num comunicado, Rivaldo afirmou: "Infelizmente, o futebol profissional vive de resultados. Edinho demonstrou qualidades no dia a dia, mas a equipe não mostrou o que esperávamos nos jogos, e decidimos fazer uma mudança agora para que não nos lamentemos mais tarde".
Segunda experiência como treinador
O clube da série A2 do Campeonato Paulista, Água Santa, deu a Edinho uma segunda chance de retomar a vida como treinador depois de sua passagem desastrosa pelo Mogi Mirim.
Mediante a decisão de Paulo Sirqueira, presidente desse clube de Diadema, ele assumiu o cargo. Em setembro de 2016, após seis meses a frente do Água Santa, e com um aproveitamento de 64%, teve o contrato rescindido com o clube. Os motivos, segundo Edinho, foram algumas divergências na filosofia de trabalho.
Entregou-se à polícia
Condenado por lavagem de dinheiro em decorrência do tráfico de drogas, o filho de Pelé se entregou às autoridades brasileiras em 2017. Porém, teve sua pena foi reduzida de 33 anos e quatro meses de reclusão para 12 anos e dez meses, tendo de cumpri-la em regime fechado.
Um abalo inesperado
A ordem da justiça foi transmitida pela polícia, que ordenou sua prisão imediata. Antes de chegar à delegacia, Edinho disse: "Estou sendo massacrado, a frustração é muito grande por estar sendo acusado de algo que nunca fiz". O filho de Pelé já tinha sido condenado anos atrás, mas a apresentação de um habeas corpus havia desacelerado o processo até 2017.
A vida na prisão
Preso no dia 21 de julho de 2017, Edinho está há mais de um ano sem contato com o mundo exterior. Apesar disso, o contato com o universo esportivo sempre foi mantido. Segundo o portal UOL, ele é presença certa nas atividades esportivas realizadas para socialização dos detentos em Tremembé. Além de jogar, o filho de Pelé também orienta os outros presos como uma espécie de treinador do time de detentos. É esta carreira, de técnico, que ele registra em sua documentação e pretende seguir após deixar a penitenciária, o que pode acontecer a qualquer momento.