A Vida De Zico E Sua Trajetória De Sucesso
Arthur Antunes Coimbra, mais conhecido como Zico, é parte da história do esporte mundial. Exemplo de atleta, profissional, cidadão e pai, durante sua carreira que se extende até aos dias de hoje, foi treinador, dirigente e jogador.
Notabilizou-se como o líder da vitoriosa trajetória do Flamengo nas décadas de 1970 e 1980, com ápice nas conquistas da Taça Libertadores da América e da Copa Intercontinental, que significa nada menos que o mundial de clubes, que na época se chamava assim. Conheça um pouco mais do Zico nessa maravilhosa série que apresentamos a seguir.
Resumo da ópera
Zico é carioca nascido em 3 de março de 1953. É o maior artilheiro da história do estádio do Maracanã, com 333 gols em 435 partidas. Marcou 135 gols em campeonatos brasileiros.
Foi eleito como o terceiro maior futebolista brasileiro do século XX, atrás apenas de Pelé e Garrincha, o quinto maior da América do Sul e o terceiro melhor entre todos do Mundo, segundo a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS).
O caçula
Arthur Antunes Coimbra é o filho caçula de um total de seis filhos do imigrante português de Tondela, José Antunes Coimbra— que era um fervoroso torcedor do Flamengo e chegou a ser goleiro amador na juventude — com a carioca da gema, Matilde da Silva Coimbra.
Zico nasceu cedo, às 7h do dia 3 de março de 1953. Pequeno e franzino, não foi difícil que o pequeno Arthur passasse a ser chamado de Arthurzinho, depois Arthurzico e, finalmente, Zico.
Rivalidade à vista
Sobre a carreira do pai, Zico conta uma história curiosa: "Ele era goleiro e na época havia o futebol amador e o profissional. E ele sagrou-se tricampeão pelo Clube Municipal, de 39 a 41. Quando foi chamado para treinar no Flamengo.
O patrão dele, torcedor do Vasco, ameaçou demiti-lo caso aceitasse, por isso, meu pai abdicou e indicou Jurandyr, que era seu reserva no Municipal e acabou campeão carioca pelo Flamengo pouco tempo depois." A rivalidade Flamengo x Vasco vem de décadas!
Família boa de bola
A família toda era boa de bola! Além do pai, outros irmãos do Zico chegaram a virar jogadores. Antunes e Nando, os mais velhos, não tiveram tanto destaque. As estrelas da família viriam depois. Primeiro com Edu, que teve seu talento descoberto pelo América-RJ, onde se profissionalizou em 1966.
Edu até hoje é reverenciado como craque, tendo sido um dos maiores ídolos da história do América Football Club, onde foi o segundo maior artilheiro da história do clube com 212 gols marcados. Edu é lembrado pelo futebol refinado, de dribles curtos, passes e lançamentos precisos, sempre voltados para o ataque.
O início
O franzino Zico jogava num pequeno time de futebol de salão formado por amigos e familiares, o Juventude de Quintino, do bairro de Quintino Bocaiuva, Quintino para os íntimos, na zona norte do Rio de Janeiro. Agora ficou fácil de entender o apelido Galinho de Quintino.
Além do Juventude, ele passou a jogar no River Football Club, tradicional clube do bairro da Piedade, onde um dos professores era Joaquim Pedro da Luz Filho, Seu Quinzinho.
10 gols
Se no River, ainda menino, seu belo futebol chamou a atenção, seu primeiro clube de futebol de campo foi o Flamengo, para onde se transferiu aos catorze anos de idade, quando em 1967 o radialista Celso Garcia, amigo da família, assistiu uma partida em um torneio em que o garoto Zico marcou dez gols na vitória de 15 x 3 de seu time.
Garcia não perdeu tempo e o levou para a escolinha de futebol do clube.
A estreia
No Flamengo, Zico só estreou no time principal em 1971, em uma partida logo contra quem? O eterno rival, Vasco da Gama! O placar terminou 2 a 1 para o time rubro-negro, e o nosso debutante deu o passe para o então ídolo Fio Maravilha marcar o gol da vitória.
Não vamos pensar que tudo foi fácil para o Galinho! E como Zico não era nenhuma exceção à regra, só foi se firmar como titular na equipe em 1974.
O "craque de laboratório"
A primeira providência foi melhorar o porte físico do futuro craque, fazendo o menino passar por uma intensa preparação física que exigia dedicação durante boa parte de seu dia, desde quando chegou ao clube, em 1967 (quando ainda estava na escola).
Esse trabalho de fortalecimento muscular, devido ao corpo antes muito franzino, marcou sua carreira, tendo sido chamado por muito tempo de craque de laboratório, já que foi um dos primeiros no Brasil a passar por esse processo.
Fluminense de Feira de Santana
Já que estamos falando de preparação física, aqui vai uma que você não sabia! Em 1969, ainda aos 16 anos, Zico foi mandado para a Bahia com um grupo de jogadores cariocas para realizar uma avaliação no Fluminense de Feira de Santana, mas foi reprovado por seu porte físico.
Voltou ao Flamengo logo em seguida. Já pensou, amigo flamenguista, se ele fica por lá? Isso nos faz lembrar do carinhoso apelido de "Galinho de Quintino".
Primeiro título
Ainda atuando pelo time juvenil do Flamengo, participou de duas partidas pela equipe principal do Flamengo no Campeonato Carioca de 1972, o bastante para conquistar seu primeiro título como profissional.
Ainda demoraria, entretanto, dois anos para firmar-se no elenco e enterrar a imagem de um jogador de físico fraco, que sucumbia à primeira pancada dos adversários. Isso nos faz lembrar de outros jogadores, que mesmo sendo bons de bola, acabam recebendo o apelido de "Cai-Cai".
Camisa 10
Após esses dois anos sofridos, chegamos a 1974, quando Zico recebeu a camisa 10. Começava a demonstrar futebol empolgante, com dribles, lançamentos e arrancadas fulminantes em direção ao gol e também a habilidade que lhe caracterizaria, a de cobrar milimetricamente as faltas que batia.
Neste ano, conquistou seu segundo Carioca pelo Flamengo, o primeiro como titular e camisa 10, liderando uma equipe jovem em decisões contra as equipes mais experientes de Vasco e América, onde à época jogava seu irmão Edu
Bola de Ouro
No Campeonato Brasileiro de 1974, recebeu sua primeira Bola de Ouro da Revista Placar, sendo eleito pela publicação o melhor jogador do campeonato.
Nos três anos seguintes, entretanto, Zico viu rivais comemorarem o título estadual: o Fluminense, que à época trazia Rivellino, foi bicampeão em 1975 e 1976 e, mais dolorosamente, o Vasco de Roberto Dinamite levou a taça em 1977 após decisão por pênaltis contra o Flamengo em que Zico, tendo a chance de dar o título a seu clube se convertesse sua cobrança, perdeu.
A "Era Zico"
A partir de 1978, o Flamengo ingressaria em um período áureo sob o comando em campo de Zico. Com um futebol quase perfeito, só possível de ser parado com violência, Zico conquistou um tricampeonato carioca, o terceiro do clube, nas edições daquele ano com as duas realizadas em 1979, mesmo ano em que o time conquistaria o prestigiado torneio amistoso Ramón de Carranza, com destaque para a vitória por 2 x 1, em que ele marcou um dos gols, sobre o Barcelona de Johan Neeskens, Allan Simonsen, Hans Krankl e Carles Rexach.
245 gols
Ainda no ano de 1979, ele marcaria seu 245º gol, em partida contra o Goytacaz, superando, aos 26 anos, Dida como o maior artilheiro da história do Flamengo. No ano seguinte, viria finalmente o inédito título no Campeonato Brasileiro. A final foi contra o Atlético Mineiro dos craques Reinaldo, Toninho Cerezo e Éder.
Zico não jogou a primeira partida, em que os alvinegros venceram, no Mineirão, por 1 x 0, mas voltou ao time no jogo de volta, no Maracanã, tendo dado passe para o primeiro gol e marcando o segundo na vitória por 3 x 2 que lhe rendeu a taça de campeão nacional.
Campeão nacional
Com o título nacional, o Flamengo credenciou-se pela primeira vez para disputar a Taça Libertadores da América. Na primeira fase, por ter empatado em número de pontos com o Atlético Mineiro, uma partida de desempate foi marcada. O confronto ocorreu no Estádio Serra Dourada.
A partida foi encerrada aos 37 minutos do primeiro tempo, pois o rival mineiro teve cinco jogadores expulsos pelo então árbitro José Roberto Wright, que você já viu comentando na TV. O Flamengo foi declarado vencedor e avançou para a fase semifinal da competição.
Cobreloa
Na decisão da Libertadores, encarou os chilenos do Cobreloa. Zico marcou os dois gols na vitória por 2 x 1 na partida de ida, no Maracanã. A de volta, no Chile, foi marcada pela enorme violência dos rivais, especialmente de seu zagueiro Mario Soto, que agrediu com um anel afiado Andrade e Lico.
Os chilenos venceram por 1 x 0 e, pelo regulamento da época, o troféu seria decidido em campo neutro, que foi em Montevidéu, no Estádio Centenário. Zico novamente marcou os dois gols da vitória, dessa vez de 2 x 0, o segundo deles, a dez minutos do fim, em uma de suas mais inesquecíveis cobranças de falta.
Freguês?
O título continental foi seguido por mais um Carioca, sobre o rival Vasco. O Campeonato Carioca já havia reservado a alegria de ter imposto uma goleada de 6 x 0 sobre o Botafogo, devolvendo uma derrota de nove anos antes que ainda ressoava entre as duas torcidas.
O ano mágico de 1981 terminava da melhor forma possível: da decisão estadual, o time foi para Tóquio enfrentar os britânicos do Liverpool na Copa Intercontinental, levando então o campeonato mundial!
Campeão mundial
E por falar em Liverpool, a equipe inglesa era favorita: nos últimos oito anos, havia conquistado cinco vezes o campeonato inglês, uma Copa da UEFA e três Copa dos Campeões da UEFA, possuindo um elenco de respeitados jogadores das Seleções Inglesa e Escocesa.
O título mundial, que até então só havia vindo ao Brasil por meio do Santos de Pelé, foi conquistado após exibição primorosa do Flamengo, que venceu por 3 x 0.
Craque garçon
Os três gols do Campeonato Mundial, marcados todos ainda no primeiro tempo, saíram de jogadas de Zico: no primeiro e no terceiro, por assistência direta a Nunes e, no segundo, marcado por Adílio, após cobrança de falta do Galinho rebatida pelo goleiro adversário Bruce Grobbelaar.
Eleito o melhor em campo mesmo sem ter marcado, recebeu como premiação individual um cobiçado carro esporte da patrocinadora da partida, a Toyota, juntamente com Nunes; ambos demonstrariam a grande união do grupo, vendendo os veículos e dividindo igualmente o dinheiro entre os jogadores.